PEQUENOS ESTUDOS DA FILOSOFIA
BRASILEIRA
A história que
construiu os caminhos da filosofia brasileira é bastante rica de fontes
inspiradoras de uma consciência filosófica, tendo recebido propulsão no tempo
do Brasil Colônia, cuja base inspirada na cultura portuguesa, revelou-se por
meio dos jesuítas que se encarregaram de, em três séculos, manter apenas
reflexão de sua cultura em detrimento da necessidade de fomentar investigação,
tendo como destaque Padre Anchieta e Padre Manoel da Nóbrega.
Ao contrário de
Portugal que era tradicionalista, no Brasil, por ser, talvez um país jovem, mas
com dimensões continental, buscou como fonte a consciência religiosa, tendo sua
base assentada no cristianismo, sendo que a partir do século XVI acentuam-se
mudanças em relação às concepções que norteavam o mundo.
É a partir de
meados do século XIX que se inicia uma tênue abertura de consciência junto aos
pensadores brasileiros em relação à prática filosófica desenvolvida no
ocidente, momento em que a pobre herança filosófica portuguesa dá lugar ao
momento conhecido como filosofia das luzes que inicia-se com a independência
política, deixando de ser uma colônia portuguesa para se configurar como uma
nova nação no cenário internacional.
Com a
possibilidade de se “beber em novas fontes”, surge então, o positivismo, cuja
base que sustentava um pensamento na racionalidade científica, orientada,
então, por Augusto Comte, afastando-se e
substituindo a anterior cultura do sentimentalismo e da religiosidade.
A base do positivismo
advinha da ideia do progresso como eixo da história do pensar positivista,
sendo que tal movimento, positivismo, começa seu declínio a partir da década de
vinte, com o final da primeira guerra mundial.
Na figura de
Tobias Barreto surge a crítica em relação ao positivismo e a todas as formas de
cientificismo, uma vez que em relação é no iluminismo que se acentua a ideia de
progresso dos povos e, consequentemente, o
progresso da história cuja causa é o progresso da ciência.
Barreto, inspirado
na crença no império da razão, defendido por Galileu no século XVII, busca no
naturalismo difuso produzir semente na atividade intelectual da época, em
especial nas instituições de ensino.
A metafísica fora
reduzida por todos os lados com sólido apio na crítica da Razão Pura de Kant.
As ciências histórica eram interditadas pelo fato de não se submeter aos
paradigmas das ciências naturais, embora o pensamento hegeliano era pensar a
totalidade e, sobretudo, pensar a contradição e não a racionalidade de Kant,
sendo que na psicologia se defrontava com a grave exigência naturalista de
tnetar quantificar os estados da consciência.
Ainda no século
XIX surge Silvio Romero com a crença no poder da razão científica como
instrumento de dominação da natureza, sendo sua crítica direcionada no campo
das convicções cientificistas de sua época, buscando alargar os horizontes das
possibilidades explicativas da realidade, onde enfrenta a crise das ideias como
se fora a própria crise brasileira que se instalou à época, a qual traz como
fonte inspiradora o debate no papel de denunciador da trágica circunstância de
um pais assolado pela ignorância e por todos os males decorrentes.
Neste mesmo
período, surge, então, Farias Brito que com sua obra intitulada “Finalidade do
Mundo”, e Antero Quental, com a publicação da obra “Tendências Gerais da
Filosofia”, demonstram suas preocupações com os destinos da filosofia e a
virtude.
Brito critica
assim, o materialismo e o positivismo, e com base no espiritualismo busca
entendimento de afirmação da subjetividade, sendo que o autor entendia que o
campo do materialismo era deficitário e não favorecia suas teorias, incluindo
também o naturalismo e o positivismo que favorecia ao Darwinismo e ao
Spencerismo.
A base de estudo
de Farias Brito dá-se através da meditação filosófica com o estudo da história
da filosofia moderna e contemporânea, onde inicia sua reflexão com uma citação
de Sócrates: “Filosofar é aprender a morrer”.
Contudo, a base utilizada por Farias Brito dá
lugar ao ressurgimento do positivismo, que começa a ganhar força no Brasil a
partir da década de sessenta do século passado, chegando a atingir um nível de
racionalidade que o abstrato seria extinto na sua inconsistência.
O intelectual brasileiro cultiva o medo de enfrentar e discutir
doutrinas formuladas em países de civilização avançada. É o que denominamos de
medo à identidade. Os intelectuais brasileiros se assumiram como colonizados,
frente aos centros europeus que irradiam as “ordens” de contextualizações
culturais.
O positivismo prolongou sua influência no Brasil, seguramente
em razão da ausência de uma consciência crítica que pudesse trazer à luz a
inconsistência das suas teses, sendo que gerações inteiras foram influenciadas
pelas teses de Silvio Romero e Oliveira Viana, abrigadas à sombra do
positivismo e, sobretudo, de um cientificismo inconsistente.
Um misto de positivismo e naturalismo que representa o
cientificismo na nossa literatura foi predominante até o final da primeira
guerra mundial e longe estamos de nos libertar do espírito do positivismo.
No estado novo
(1937-1945), um dos indicadores da prática filosófica é a instrumentalziação
das ideais, não a serviço da explicitação da nossa historicidade, do nosso
destinar histórico, mas a serviço do ornamentalismo grupal e individual, como
fatores da preponderância do conservacionismo obscurantista, sendo que a
sistemática propaganda do governo e a convicção de que compete ao Estado a
paternidade dos interesses da sociedade, nos leva à crença de que não haveria
largos espaços para essa filosofia no Estado Novo.
Já
em Vieira Pinto, surge abertura aos vários campos nos quais se pode manipular a
ideia de consciência, sendo que sua obra “Consciência e Realidade Nacional”, tratou a dificuldade insuperável de perceber a noção de
consciência que deveria ser o fio condutor do pensamento.
Pensar o Brasil fora do fluxo da universalidade histórica
seria pensá-lo abstratamente, o que corresponde ao pensamento ingênuo ou
consciência ingênua.
Vieira Pinto enfatiza o mundo enquanto realidade nacional e
despreza a consciência enquanto pólo único capaz de vivenciar e evidenciar a
ordem natural.
A ideia de consciência em Vieira Pinto resvala numa espécie
de angústia reducionista a caminho do solipsismo inconciliável com o concreto,
na medida em que privilegia uma parcela do real como o lugar de uma ruptura
radical com a ordem da universalidade.
Consciência ingênua é consciência destituída do sentido do
ser nacional; é consciência que se perde no complexo de categorias não
referidas à realidade nacional.
Para o pensador é possível num amplo leque de significações
tomar a ideia de consciência como uma espécie de itinerário que pode nos
conduzir à compreensão da realidade nacional.
A consciência crítica estaria, enquanto domínio da totalidade,
destinada a obviar todos os conflitos, ainda que prescindisse das mediações no
plano da existência concreta.
A fenomenologia é criticada pelo seu “caráter idealista”,
responsável pela não admissão da intencionalidade coletiva. Haveria para Vieira
Pinto um sujeito coletivo difuso como categoria própria da estratégia de
elaboração da ideologia nacional.
Em Miguel Reali,
insurge um dos maiores destaques em relação ao diálogo com o espírito do nosso
século, onde o escritor se move, num primeiro momento, na atmosfera kantiana e,
em momentos sucessivos, na vasta ambiência da atmosfera fenomenológica que tem
fermentado a reflexão filosófica no nosso século. Pode-se mesmo afirmar que o
mais vigoroso diálogo com o kantismo e com a fenomenologia, do ponto de vista
da crítica do conhecimento, tem sido levado a efeito entre nós por Miguel
Reale.
Seria impossível
compreender o seu pensamento sem levar em conta o fato de que a sua reação
contra a cadeia de forças das categorias científico-naturais, na ânsia de
reduzir toda a realidade à ordem da explicação, se inscreve nos horizontes das
preocupações dos mais vigorosos pensadores do nosso tempo. Fruto do nosso tempo
e da nossa historicidade, o pensador brasileiro, ao traçar as linhas da sua
reflexão, está percebendo diuturnamente a necessidade do encontro de novas
encruzilhadas na tarefa infinita de discernimento e compreensão da própria
pessoa humana, enquanto fonte originária de todo saber, de todo valor e de toda
cultura.
Não há solução
isolada no plano da subjetividade, assim como não existiria a possibilidade de
instrumentalização do real a serviço de um comando da ordem normativa da
subjetividade, isto é, dos famigerados conceitos a priori. Aí começa a
discordância de Miguel Reale em relação a Kant. Se em Kant o objeto será sempre
objeto para o eu penso, isto é, para o entendimento, fora de cuja atmosfera ele
não existiria, em Miguel Reale a existência do objeto se coloca como
pressuposto do próprio ato de experienciar, enquanto exercício do poder nomotético
do espírito na configuração do mundo da cultura.
No pensamento de
Miguel Reale o ser do homem é o seu dever-ser, o que se colocaria em jogo,
desde logo, seria esse dever-ser enquanto alvo de todo processo educacional.
Educar é, originariamente, conduzir o indivíduo na trilha da auto-consciência
para que ele se descubra como dever-ser, como valor-fonte de toda experiência
possível. Se é o homem o lugar privilegiado da teia da cultura e da história,
na concepção realeana, a função primeira da educação é conduzi-lo a assumir
esse lugar, enquanto auto-reflexão.
A educação do
homem é o processo global de disposições que o tornam capaz de harmonizar-se
com a sua morada originária que é o mundo da cultura.
A teoria
tridimensional do Direito é fruto desta nova ambiência espiritual desencadeada
nas últimas décadas do século passado e prolongada no presente século,
atingindo o seu momento capital na elaboração de Miguel Reale, teoria esta que
se configura em uma convicção de que a hermenêutica do mundo da cultura, em
última instância, deve subordinar-se a uma atitude integrativa entre fato,
valor e norma.
Mais ainda,
assenta-se na dialética de complementaridade imaginada por Reale a partir das
“ficções” da microfísica (ondas ou corpúsculos? Não importa! Ambas se
complementam mutuamente na ordem do eletromagnetismo) segundo a qual fato,
valor e norma se dialetizam e se complementam mutuamente.
A
segunda via de inspiração do pensamento brasileiro, surge com o declínio da
base que sustentava os pensadores franceses quando da queda da ditadura
estalinista, sendo que tais pensadores começaram a produzir novas linhas de
raciocínio, onde os pensadores marxistas, existencialistas, personalistas,
neotomistas e fenomenólogos acabam convivendo em uma atmosfera de inquietação.
O
limiar desses tempo, faz com que os franceses despertem para o valor da
epistemologia e destacando as potencialidades dos pensadores à época temos
Koyré, Canguilem, Bachelar, Althusser, Jacques Lacan, Lévi-Strauss e Michel
Foucaut, os quais buscaram suas lógicas tentando produzir novas referências,
como redefinir o conceito de ciência e como historiá-la, visão estruturalista
do homem e da sociedade, respostas às questões de o que é verdade, o que é o
poder, de forma a buscar uma nova fundamentação para as ciências humanas.
Influenciando
os pensadores do Brasil, o movimento francês teve em Edmund Husserl o precursor
em “terras tupiniquins”, o qual buscou desenvolver o pensamento com base na
fenomenologia como método.
Nilton
Campos é tido como marco histórico em relação à assimilação da fenomenologia,
quando apresentou à Faculdade Nacional de Filosofia sua tese subordinada ao
tema O MÉTODO FENOMENOLÓGICO NA PSICOLOGIA, encontrando nesse tempo, poucos
adeptos.
O
novo movimento, ou aqui inspirado como segunda via, teve também como destaque
Creusa Capalbo, Gerd Bornheim, Ernildo Stein, João Alberto Leivas Jo, Emanuel
Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Maria da Conceição Miranda, Zenilda Lopes de
Siqueira, Urbano Zilles e João de Souza Ferraz.
É,
pois, na fenomenologia que os pensadores brasileiros encontram novas fontes de
motivação para o pensamento, em detrimento dos modismos intelectuais que
influenciam a intelectualidade contemporânea.
Já
em Ortega Y Gasset, o pensamento no Brasil passa a ter importante influência,
sendo considerada a maior expressão a influenciar a cultura brasileira nos
últimos 50 anos, e tal fato insurge pelo espírito esteticista que influencia a
cultura brasileira e, ainda, a força argumentativa do discurso filosófico
orteguiano que busca foco no existencialismo, sendo que suas teses afrontam
diretamente o catolicismo, uma vez que sua convicção de que a substância última
do mundo é uma perspectiva, a da vida, da qual advem a própria razão.
O
conflito com o catolicismo que predominada naqueles idos tempos, vem exatamente
desse foco, uma vez que para se chegar à razão cultural, há de se desconstuir a
razão filosófica que criou ou ser e é nesse momento que nossos pensadores
começam a estabelecer um caminho voltado para uma redefinição de nossa cultura.
O
culturalismo brasileiro tem em kanti suas raízes, mas o pensamento de Ortga Y
Gasset surge no cenário filosófico como fonte inspiradora para a geração
culturalista dos anos quarenta do século passado, cuja base se assenta no
existencialismo para elevação da cultura e produção de um ser humano que deve
ser colocado no sistema como responsável pelas próprias circunstâncias criadas
por elem mesmo.
Assim,
com uma base culturalista-existencialista, é criado em 1949, em São Paulo, o
Instituto Brasileiro de Filosofia, tendo como principal esteio a filosofia de
Ortega, e nessa esteira, surge o desafio de se elevar a filosofia
ibero-americana como fonte inspiradora para buscar compreender nossa própria
historicidade.
Ortega
ainda inspirou importantes pensadores, dos quais, foram fundadores não só do
referido Instituo, como também da Revista Brasileira de Filosofia, em 1950,
onde destacam-se Roland Corbisier, Helio Jagua, Luis Waschington Vita, Miguel
Reali, Renato Cirel Czerna, dentre outros.
Outro
fato que merece destaque, é que Ortega também inspirou os pensadores que, no
ano de 1955, criaram o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), sendo
que dentre alguns de seus fundadores, chegaram a pensar
Em
relação a Antônio Paim, o kantismo e neokantismo são os alicerces para se
produzir cultura sem as amarras
filosóficas pretéritas, destacando que essa produção só será possível pelo fato
da cultura ter como tradução um caminhar sem fronteiras, sem imposições de
qualquer fragmento pré estabelecido, ou seja, o desenvolvimento da civilização
passa, necessariamente, pela cultura, cultura esta que, se discutida de forma
coerente, respeitando os diversos saberes e experiências humanas quando no meio
social, elevando a ética, estética, religião e política que caracterizam cada
cultura.
Diz
ainda que a realidade contemporânea pós industrial impõe um novo desafio para o
desenvolvimento filosófico, sendo que em razão da tecnologia, a cultura passa a
ter menos relevância social, mas, em destaque, alerta que os novos costumes são
meramente consumeristas, cuja produção se inspira em terreno pantanoso, sem uma
base filosófica que lhe de não só forma,
mas também “espírito”, e desta forma, sugere que a nova realidade coloca de
lado as bases históricas e a própria meditação que as inspirou.
Nesse
diapasão, Antônio Pain entende que com o afastamento da consciência ética e
moral então há de se trabalhar uma educação que, mesmo sem produzir consciência
com uma estrutura mediada pela subjetividade, o desafio será produzir
consciências éticas e morais que possam atuar dentro da objetividade.
Essa
construção moral social, segundo Pain, deve utilizar como base a razão
kantiana, uma vez que, na visão do autor, continua sendo fonte que permite
melhor compreensão do que motiva a moral social.
De
pior sorte para o raciocínio, uma vez que estimula desafio a ser ultrapassado,
Pain insurge com um raciocínio que por ser lógico, nos impõe a construção de
novos caminhos filosóficos, de forma a tentar dar mais um passo na evolução humana,
uma vez que, se na visão do escritor a cultura é estruturada na fundamentação
moral, então o lógico seria que as pessoas cultas fossem mais éticas, mas
morais, o que na prática não se observa.
Assim,
se a cultura estabelecida por uma ética social, não é capaz de produzir
indivíduos éticos, então chega-se a um hiato existencial, uma vez que
ultrapassada a fase científica, chega-se à uma essência não palpável pela
razão, que é a indefinição do que inspira no homem o bem e o mal, como um pode
transcender ao outro em momentos distintos, ora atuando pelo bem, ora pelo mal,
em um eterno conflito existencial que é inerente à raça humana desde quando
ainda na caminhava na idade natural.
E
nesse diapasão, insurge o escritor que é a consciência, que sempre está em
conflito nessa polarização, que nos permite, ainda, buscar esperança para que a
civilização ainda possui futuro neste planeta.
Desta
forma, a linha de raciocínio levantada nos coloca em uma situação
constrangedora, uma vez que somos obrigados, ou levados, a sair de nossas zonas
de confortos para ultrapassar as bases já estabelecidas pelas filosofias
pretéritas, ou seja, estas, devendo ser utilizadas como base moral já
planejada, deve ser deixada neste ponto, para que os novos filósofos que
surgirão, iniciem a exploração de novas fórmulas, iniciem a busca por elemento
ainda não descoberto que permita compor a composição química do ser humano, ou
seja, somos chamados à responsabilidade para ultrapassar todas as fronteiras
filosóficas existentes para buscar uma razão para a essência humana.
Antônio
Pain, portanto, vê na linguagem kantiana a melhor referência para se analisar a
moral humana, mas sugere que o retorno à subjetividade passa, necessariamente,
pela base histórica construída pelas sociedades que nos antecederam, único
meio, naquela ótica, capaz de produzir elevação da ética e da moral humana.
Sampaio Bruno, por sua vez, insurgiu contra toda tradução metafísica,
teológica e científica, ao longo do percurso da sofrida meditação, com um
extraordinário domínio da história das racionalidades e idealidades
constituídas até a emergência do seu pensamento.
Todo o seu esforço foi realizado no sentido de superar os seculares
argumentos da metafísica clássica – e da não clássica a partir de Kant, bem
como aqueles expendidos por uma teologia incapaz de desvencilhar-se de uma
dogmática que lhe pareceu inconsistente, à luz de sua nobre inteligência.
Toda a ideia do Pensamento de Bruno é marcada pela preocupação com a
origem, com a raiz, com o princípio. A ideia de Absoluto é, sem dúvida, o que
existe de nuclear no pensamento de Sampaio Bruno. O espírito puro,
homogeneidade, Deus como princípio. Esse mesmo espírito puro, numa misteriosa
queda, numa cisão misteriosa, entra na esfera do heterogêneo, no mundo dos seres
diferenciados e passa a sofrer as peripécias mundanas, embora mantendo o seu
estado de pureza como esperança invisível de uma futura reintegração.
O Absoluto é a esfera que deveria atrair a humanidade para uma espécie
de nova história, a crise que vivenciamos na ordem da heterogeneidade
desapareceria numa grande síntese na consumação dos séculos, onde tudo voltaria
ao que era no princípio, na reintegração à consciência, à perfeição, a Deus,
redimido da queda.
Sampaio Bruno encarnou uma possibilidade de pensar, e pensou o absoluto
na inesgotável esperança de redenção naturalística da humanidade, perdida hoje
na trama das razões que ela própria construiu.
Em
relação ao movimento fenomenológico de Portugal, Alexandre Fradique Morujão faz
uma interpretação meditativa dos textos husserlianos, que o leva a uma
concepção realista do mundo, enquanto totalidade de horizontes. Tendo também
preocupação com a questão da intencionalidade, bem como a respeito de um grave
problema humano, a intersubjetividade constitutiva ou intersubjetividade
transcendental.
A
tarefa infinita do filósofo é descortinar o mundo nos seus infinitos
horizontes, para além do objetivismo encobridor da habitação originária do
homem. Um mundo aprisionado pelo conceitualismo objetivista não seria digno do
homem, enquanto liberdade radical, enquanto abertura ao infinito.
A
ultrapassagem do universo categorial da explicação para atingir a esfera
privilegiada da compreensão é ato do heroísmo do espírito; mas de espíritos
(consciências) comprometidas, radicalmente, com o próprio sentido da
historicidade do homem.
Essa
ultrapassagem é que vivifica a meditação fenomenológica de Alexandre Morujão,
quando volta a sua atenção para os temas da cultura
portuguesa.
BLOG
idealizado pelos Acadêmicos José Márcio de Araújo Estançane, Lauzinete Ribeiro
dos Santos, Manoel Carlos Bernardo, Maria de Jesus Gomes de Vasconcelos Lins,
Nelson Morghetti Júnior, Siliandro Rocha de Souza e Valquíria Bahiense Martins.
Referências:
GUIMARÃES, Aquiles Côrtes –
“Pequenos Estudos de Filosofia Brasileira”. Disponível na Internet via http://www.ead.ufes.br/course/view.php?id=1118.
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